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Salão do Catar: Um Brilho no Deserto

Salão do Catar: um brilho no deserto
Primeiro salão do Oriente Médio desperta o interesse das marcas e do público

Alguns poucos países escaparam ilesos da crise financeira de 2008. O Brasil foi um deles, e com isso acabou virando a estrela da economia ocidental.
Outro foi o Catar, que passou a ser o porto mais seguro das Arábias, depois que os outros donos dos petrodólares andaram gastando por conta. Nada mais natural, portanto, que os dois países passassem a promover eventos internacionais. Como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil e a Copa de 2022 no Catar. Foi lá também, na capital Doha, que se realizou o primeiro salão internacional de automóveis do mundo árabe, o Qatar Motorshow. Entre os dias 26 e 29 de janeiro, mais de 80 mil visitantes passaram pelas alamedas do Doha Exhibitions Center. Ou seja: um número equivalente a 10% da população do país.

                É claro que o primeiro Catar Motorshow conseguiu trazer interessados dos países vizinhos. Assim como atraiu quase 30 marcas de primeira linha, um número expressivo para um salão sem passado. Como qualquer evento realizado fora do principal eixo da tradicional indústria mundial ­ formado por Europa, Estados Unidos e Japão ­, o Qatar Motorshow não exibiu modelos inéditos, mas serviu para apresentar ao mundo árabe as novidades recentemente mostradas em Paris, em setembro passado, e Detroit, no início de janeiro. Apesar disso, o Ministério do Turismo do Catar e os organizadores italianos GL Events e q.media Events conseguiram criar pelo menos uma amostra paralela bem atraente: "Experiências do Poder Criativo Italiano", que reuniu exemplos de carros-conceito dos principais designers italianos do ano 2000 para cá.

                Mas a função real do salão do Qatar era aproximar os carros dos seus consumidores. Por isso, os construtores dos veículos mais luxuosos, potentes e sofisticados do planeta estavam presentes em peso. As marcas apareceram com seus modelos mais requintados, como Bentley Continental GT, Lamborghini Gallardo Bicolore, Maybach 62, Maserati Quatroporte, Aston Martin One-77 e Lotus Sprit.




                A Rolls-Royce até surgiu com um modelo específico para o evento, o Phantom Middle East Limited Edition - foto acima. Com interior folheado em madeiras nobres, aço e couro, a edição especial do Rolls-Royce tenta ser ainda mais opulenta que os Rolls-Royce "normais". A bordo, ele traz todas os recursos mais modernos criados pela BMW, controladora da marca. O motor é um V12, de litragem não revelada, que produz 467 cv de potência. O zero a 100 km/h é cumprido em 5,7 segundos.

                Marcas de luxo, como Lexus, Cadillac, Infinity, Audi, Mercedes-Benz, Porsche, Land Rover e BMW, também trataram de apresentar somente seus melhores modelos. No caso, apenas carros da linha intermediária para cima e nas versões mais completas. Estavam lá BMW X5 M, Cadillac Escalade, Mercedes-Benz S350 - foto abaixo - e Audi A8 W12, entre outros. E até mesmo marcas generalistas, como Ford, Chevrolet, Toyota, Volvo e Honda, trataram de expor os melhores e mais caros modelos disponíveis em suas fileiras.



                A exceção ficou por conta da Volkswagen, em sua feroz busca pelo liderança mundial. A marca alemã apresentou duas novidades. A primeira é uma versão "amansada" do modelo que correu o Raly Dakar, na Argentina e no Chile, entre 1º e 16 de janeiro, o Race Touareg 3 Qatar. O segundo acabou sendo o modelo mais interessante da mostra árabe. O conceito XL1 - foto abaixo - é um subcompacto por dentro, com dois lugares, e um compacto por fora, com 3,89 metros de comprimento. Ele é da espécie plug-in híbrido, tracionado por um motor turbodiesel de dois cilindros com 0.8 litro, 48 cv de potência e 12,2 kgfm de torque. Ele trabalha em conjunto com um motor elétrico de 27 cv de potência e 10,2 kgfm de torque. A promessa é que o XL1 percorra até 110 km com um litro de diesel e tenha autonomia de 550 km. Talvez a terra dos petrodólares não fosse o melhor lugar do mundo para apresentar um modelo que consome tão pouco, mas a première mundial no Catar foi, de qualquer forma, uma prova de prestígio do novo Salão.




Velhos conceitos

                Ver um carro-conceito antigo é como assistir a um filme de ficção científica muito velho: há sempre a constatação de que a ideia de futuro, compartilhada por todos, era simplesmente esdrúxula. É fácil pensar isso quando já se sabe alguns capítulos à frente. Por isso mesmo é tão raro os criadores exporem os objetos desse futuro que não aconteceu. Nesse sentido, alguns estúdios de Design italiano resolveram dar a cara a tapa no Salão do Catar. A exposição "Experiências do Poder Criativo Italiano" trouxe modelos apresentados em outros salões de 2000 para cá.

                O estúdio Pininfarina mostrou o subcompacto Nido - foto abaixo -, um carro urbano de 2,89 metros de comprimento, apresentado no Salão de Paris de 2004. O modelo mais antigo em exposição foi o roadster F100r, da Fioravanti. Ele foi criado tendo como base um outro conceito, de 1998, só que cupê, e tinha como previsão utilizar um motor V10 sobre o eixo traseiro. Mas um modelo relativamente recente, de 2008, era um dos que mais causava estranhamento. O Spada TS Codatronca ­ rabo cortado ­ parece aqueles bólidos especialmente construídos para bater recordes de velocidade no Deserto de Mojave, na Califórnia. O construtor, Spada Vetture Sport, previa para ele um motor de 7 litros e nada menos que 630 cv.




                O modelo que realmente roubou a cena foi o Alfa Romeo Pandion - foto de abertura -, de 2010, desenhado pelo Studio Bertone. Por dentro, o esportivo 2+2 tem várias barras cruzadas e lembra o ninho do monstrengo hollywoodiano Alien. As enormes portas se abrem para trás e são do tipo tesoura ­ é preciso uma garagem com um pé-direito superior a quatro metros para abri-la "indoor". E a justificativa do artista é que lembra uma águia, daí ser batizado de Pandion, nome de uma águia marítima. O motor seria um V8 4.2 litros de 470 cv.

                Alguns modelos são quase adaptações de modelos normais de série. Caso do Bentley Flying Star, uma station de duas portas baseada no Bentley Flying Spur, criado pela Carrozzeria Touring Superleggera em 2010. Nessa lógica estão o Porsche RK Coupé, da Ruf, e o Tender Two, da Castagna. O primeiro faz pequenas modificações no Porsche Caymann e o deixa bem mais agressivo. O outro transforma o Fiat 500 em um veículo de piquenique. Os apetrechos são escolhidos pelo freguês e o modelo custa, dependendo dos itens, até quatro vezes mais que o 500 normal de série. Um dos conceitos da mostra italiana foi produzido especialmente para o Salão do Catar: o C-Sport Qatar, da Autoestudi de Turim. O nome C vem exatamente da plataforma média, já o o modelo é montado sobre um Fiat Bravo.


Spada TS Codatronca





Fioravanti F100r





Bentley Flying Star





Porsche RK Coupé






Castagna Tender Two






C-Sport Qatar